domingo, 31 de janeiro de 2010

A crise e os ataques ao Estado-providência

Na edição Portuguesa do “Le Monde Diplomatique” de Dezembro de 2009, provavelmente pela actual conjuntura mundial, momento em que se questionam os modelos económicos e de gestão pública (ou falta dela), foi publicada uma série de textos sobre o papel do Estado, -incidindo na Justiça fiscal, na corrupção e no papel e história do Estado-providência (ou Social).

Torre de Babel - Pieter Bruegel
No texto de Serge Halimi, “Uma dívida providencial”, o autor explora um termo sobejamente divulgado pelo Media Portugueses. Falo do défice das contas públicas, um “problema” nacional dado o compromisso em cumprir o pacto de estabilidade europeu. Segundo Halimini, os conservadores e os neo-liberais a partir da década de 1970 (Tatcher,     Reagen, etc.), optaram pela criação consciente dos défices públicos, tornando assim possível o corte de despesas e a amputação de meios dos Estados-providência (especialmente os Europeus): [a criação consciente dos défices públicos] ”…É uma prática laxista que amputa as receitas e que é reforçada por um discurso catastrofista, para fazer recuar despesas do Estado-providência...“

Gostaria de referir também o texto de Eduardo Paz Ferreira, “Justiça e fiscal e boa sociedade”, onde esse autor salienta a importância da cobrança de impostos. Somente por uma política justa fiscal, onde todos contribuam de acordo com as suas possibilidades (pagando impostos) se pode tentar almejar um Estado que promova a igualdade de oportunidades, ou seja, um dos pilares dos Estados-providência democráticos. Paz Ferreira cita as reveladoras, e cheias de significado, palavras de Oliver Wendel Holmes: “…Gosto de pagar impostos. Com eles compro civilização…”, acrescentando que pagar impostos é a garantia da existência de bens públicos fundamentais.

Actualmente há um ressurgimento neo-liberal, ou até mesmo neo-neo-liberal - dado que, na minha opinião, a crise mundial de 2008-2009 despoletou um novo tipo de neo-liberalismo. Será essa uma nova corrente política e económica pseudo-ideológica, que não hesita em recorrer ajuda dos Estados para manter a economia em funcionamento, mas que ao mesmo tempo exige Estados menos pesados? É, no mínimo, paradoxal, tal como a anúncio da necessidade da diminuição das cargas fiscais, apesar da necessidade de manter em funcionamento serviços públicos essenciais, de extrema importância para os menos favorecidos. Sendo que os tais menos favorecidos contribuem sempre, indiretamente, para a manutenção dos mais favorecidos.

10 comentários:

  1. A Nova Ordem
    Miguel, permita-me aqui dizer, que a crise não despoletou um novo Neo-Liberalismo, pelo contrário, foi esse novo Neo-Liberalismo que despoletou a crise, com a finalidade de acabar com o Estado Social, reduzir o emprego para substituir o humano pela máquina, acabar com os serviços nacionais de saúde, embora o Obama tenha tentado dar a impressão contrária... e como diz e muito bem, acabar com o Estado Providência, pior, temos a Democracia em perigo, embora eu ache que só existe nos tais Países nórdicos, onde a população se sente orgulhosa por pagar impostos...e mesmo aí está sob ameaça.
    Realmente a economia e finança recorrem aos Estados e exigem Estados menos pesados e porquê este paradoxo? Porque a finalidade deles é cíclica... reduzir a população, pois a ganância/recursos/população, tornou-se para os neo-liberais um trinómio muito difícil de resolver. Em 2001 atingimos o pico do petróleo, em 2001 deu-se o ataque às Torres e Pentágono. (só quem andar debaixo da hipnose da TV, ou Media em geral, pensa que aquilo foi obra de Bin Laden, que sempre reivindicou os ataques menos dessa vez, não passando de um mercenário e mais, só um crente acreditaria na violação do espaço aéreo do Pentágono). Com o pico do petróleo, foi instalado o clima do medo, o Estado protege-nos, mas para isso temos que dar todos os dados e deixar a privacidade de lado. Deve faltar pouco para que os cidadãos peçam um chip para os filhos, para que se sintam seguros. Tudo isto foi pensado e calculado desde o final da 2ª guerra mundial. Aldous Huxley, no seu livro "O Regresso Ao Admirável Mundo Novo" 1958 alerta para o que iria irremediávelmente acontecer: A escravatura humana ás Elites Mundiais.
    Pronto aconteceu... agora será um salve-se quem puder, cada um por si, pois instigaram a cultura do ego e consumismo, anestesiaram o povo com o Estado Providência... e agora pouco ou nada há a fazer. Iremos perder as liberdades individuais, como já é flagrante na França, Alemanha e EUA e hoje aconteceu uma das coisas que eu mais temia... a Clowd, o novo conceito de WEB. Um Atentado á privacidade e aos Direitos Individuais. Pois agora não seremos tão livres quanto o éramos.
    Agradecerei ao Obama, sucessor de Bush e com as mesmas políticas e a todos esses neo-liberais que assinaram o Tratado de Lisboa sem referendar o povo...
    Em 2012 os pipelines mistos de gás, petróleo e água,do sector PPS terminam o circuito fechado na bacia caribenha,O Afganistão, depois da guerra do Iraque, está literalmente rodeado de bases militares ocidentais.
    "A Parceria de Prosperidade e Segurança (PPS) é para a América do Norte o que a Estratégia da Rota da Seda (ERS) é para o Cáucaso e para a Ásia Central. São componentes regionais estratégicos do império empresarial da América. São os blocos estruturais da Nova Ordem Mundial"
    Aqui no final do site.

    A Clowd é disseminada e estaremos todos aprisionados. Soube há uns anos que isto da WEB iria acontecer e hoje chegou a prova.Eles não falham!
    Aqui está a nova lei, com os cumprimentos da família Rockfeller!

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  2. Ups!! Micael... só agora me apercebi... desculpe :)

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  3. Pronto esperemos que o site não dê error:

    http://resistir.info/chossudovsky/geopolitica_pipelines_p.html

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  4. Aqui vai um link que mostra o estudo de muitos anos de um homem, que é também o autor desse site.

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  5. Para corroborar tudo o que disse e não fazermos disto apenas uma teoria da conspiração,pois a tendencia é essa e uma vez que falamos de Modelos Económicos e Estados Soberanos´, pode ver-se neste link que os Bancos Centrais são privados.
    Abraço, Micael.

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  6. Já tinha notado nessa estranha constatação

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  7. Micael, gostaria que desse AQUI um saltinho, só por curiosidade. :)
    Mais uma vez um abraço. :)

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  8. Parece-me que a Helena teve algo a ver com isto. Muito obrigado pela ajuda e divulgação!

    Forte abraço!

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  9. Qual quê Micael... mas a ideia de divulgar foi da minha mana, Manuela Araújo... acho que conhece... :) Eu avisei-o... não fosse o Micael estar a leste, quando a sua iniciativa é digna de louvor!
    O blogue do Rogério é também muito bom...
    Divulgarei também sempre que puder.
    Forte abraço para si, Micael.

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  10. Agradeça então à Manuela por mim! Já estou a seguir o Rogério também.

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