domingo, 28 de fevereiro de 2010

Análise do livro "Tratado de Ateologia": A organização social pode existir sem o recurso à moral proveniente da religião?

Analisar e investigar sobre as várias religiões, enveredando por uma busca o mais imparcial possível e abnegada de qualquer crença, é sempre uma missão difícil e, como não podia deixar de ser, potencialmente polémica.
O baile no moulin de la galette - Renoir
Enquanto céptico, e tentando ser sempre o mais racional possível - de acordo com o que as minhas emoções me permitem nestes assuntos - inevitavelmente tendo a ler e investigar sobre as origens, evolução e implicações actuais da religiosidade na Humanidade. Desta vez foi o momento de ler uma obra de um filosofo contemporâneo vincadamente ateu. Na Obra “Tratado de Ateologia”, Michel Onfray tenta desmistificar o negativismo associado ao ateísmo e aos ateus, esforçando-se por defender que pode existir uma moral e uma organização social puramente laica, ou seja, verdadeiramente ateia. O autor defende que as crenças religiosas contemporâneas são desnecessárias para a existência de uma sociedade organizada, solidária e justa. Pois, num estado de consciencialização e informação mais elevado por parte dos actores sociais, a necessidade de um Deus (ou Deuses legisladores), definidor das regras de conduta e moral, tendo à sua disposição um paraíso para compensar os justos e um inferno para os injustos, os mecanismos de controlo social religiosos tornam-se vazios de qualquer utilidade pragmática ou tangível, restando apenas a tradição obsoleta e  ingénua.
 
Concorde-se ou não com Michel Onfray, esta é mais uma obra a ter em conta por quem quer, de um ponto de vista ateísta, compreender o nosso mundo. A organização da sociedade actual é apenas um dos muitos temas abordados pelo autor nesta obra. Mais haverá de interesse para citar e referir do livro em causa, pelo que o deixo para a leitura de ateus e crentes, pois certo contribuir positivamente para o enriquecimento de todos o que o lerem de mente aberta, nem que seja para discordar.

3 comentários:

  1. Gostei deste post e concordo com Michel Onfray. Acho mesmo que é possível termos uma organização social baseada numa 'moral' despejada de qualquer religiosidade...

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  2. lurdes-varao@hotmail.comjunho 10, 2010

    para mim a religiao deveria ser muito intimo e pessoal e nao ser utilizada em funçao das conveniencias humanas , e so a minha humilde e simples opiniao

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  3. Pois, percebo o seu ponto de vista Lurdes. Mas a Religião com a complexidade que hoje conhecemos, falo especialmente das religiões com forte estrutura clerical e hierarquia, nasceu da necessidade de organizar sociedades cada vez mais complexas. Houve um forte crescimento e organização, quiçá até o nascimento, da religião, num sentido contrário ao animismo, com o surgimento das primeiras cidades no final do Neolítico. Foi das grandes metrópoles no Egipto, Mesopotâmia, vale do Indo e Rio Amarelo que as sociedades humanas se estruturaram em organizações cada vez mais complexas e hierarquizadas. Mas tudo isso só foi possível também devido à religião em desde o se inicio andou de braço dado com a própria organização dessas sociedades e legitimação para o governo de determinadas elites, sendo que muitas delas eram os próprios sacerdotes. A religião foi um mecanismo de governo e organização social muito importante, tendo muito contribuído para o desenvolvimento de códigos e moral. Ou seja, desde tempo imemoriais, antes do surgimento da própria História, a religião foi de extrema utilidade para a Humanidade, quer como modo de explicação do cosmos, quer como modo de organização social e criadora de moral.
    No entanto as próprias sociedades que a criaram evoluíram e no ocidente seguiram outro rumo. Foi no século das luzes XVIII que se defendeu a secularização da sociedade e Laicidade do Estado. Cortando uma relação de simbiose entre política e religião.
    Provavelmente o sentimento pessoal de que fala é mais no sentido da espiritualidade do que da religião. São conceitos bem diferentes e que podem ser vividos de modo independente. Obrigado pelo seu comentário.

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