terça-feira, 26 de junho de 2012

A Guerra dos Tronos - Fantasia Medieval para Adultos

A Guerra dos Tronos” ou “ O Jogo dos Tronos” – na tradução direta do inglês – é uma das mais cotadas séries televisivas da atualidade (ver no IMDB). Os 10 livros que compõem as “As crónicas do Gelo e do Fogo” foram adaptadas para televisão pela HBO e o resultado foi, no mínimo, positivo e original. Depois do sucesso de “Roma”  (ver no IMDB) esta é mais uma grande série épica. No entanto, essa anterior grande realização seja, em alguns aspetos, substancialmente diferente: "Roma" baseiam-se em História factual, produzida com especial atenção ao rigor histórico, ainda que seja uma adaptação romanceada, podendo ser quase vista como um documentário (ou não tivesse o envolvimento também da BBC).
Mas a “A Guerra dos Tronos” é uma ficção. George. R. R. Martin, o autor, admite a influência de clássicos da literatura associada ao “fantástico medieval”, especialmente da monumental obra que é “O Senhor dos Anéis”. Apesar de não ser uma obra Histórica, o universo fantástico medieval criado por Martin para a sua grande história revela sólidos conhecimentos do passado factual. São muito evidentes na terra de Westeros – área geográfica, tipo continente, onde se passa a maior parte da história - as influências da Europa Medieval: das relações feudais, da monarquia absoluta, as lides da guerra, da política e tramas palacianas, dos códigos de cavalaria e comportamentos de classe, do campesinato e suas ligações à terra, etc. São também notórias as inspirações bebidas diretamente da mitologia nórdica e germânica, entre muitas outras, no mundo fantasioso de “A Guerra dos Tronos”. George. R. R. Martin conseguiu criar uma fantasia encorpada por um enredo elaborado – aliás, muito elaborado – de relações entre personagens, bem trabalhadas, e uma política altamente complexa, que se concretiza no desenrolar da história e se vai aprofundando com o emaranhado da intriga e as correrias de uma infindável panóplia de personagens.
O autor criou uma “fantasia medievalescapara adultos, evitando alguns lugares comuns e um Excessivo apego a uma personagem principal (ou grupo restrito) que normalmente costuma assumir o papel de herói (ou heróis), até porque nesta série eu diria que, tal como na vida real, não existem heróis, pelo menos pelos padrões habituais no género. Em “A Guerra dos Tronos” as personagem são humanas, acima de tudo. Mesmo aquelas que mais poderiam tender para o modelo heroico são retratadas com defeitos, e o tratamento de supremacia não é absoluto e linear, e muitas vezes fica muito longe de ser justo. Martin cria um mundo ficcional fantástico realista, muito pouco habitual para o género, e até para qualquer criação televisiva ou cinematográfica de géneros ditos mais correntes. As personagens vão-se moldando com o desenrolar dos acontecimentos, vão demonstrando o seu carácter, vão ficando mais complexas. Muitas vão morrendo, muitas são injustiçadas, algumas criam percursos de sucesso e afirmação, mas a tragédia é o pano fundo. As alterações podem ser repentinas. Por vezes, enquanto espectadores ou leitores, não estamos preparados para as mudanças, e menos ainda para as mortes.
Um especto muito importante da série é a fidedignidade dos diálogos e da série para com a história contida nos livros. Isso tem sido garantido pelo envolvimento na escrita dos guiões, produção e realização do Próprio George R. R. Martin.
Pessoalmente – como já se notou - sou um apreciador deste tipo de criações, mas a popularidade de “A Guerra dos Tronos” é tão grande e incontornável que merece ser analisada. Tal só pode significar qualidade, com ose explicaria, que mesmo aquelas e aqueles que não seja particularmente apreciadores do género fiquem rendidos a esta magistral obra, quer seja em livro ou em série televisiva?
Também existe uma versão de “A Guerra dos Tronos” em formato de jogo de tabuleiro. Aliás existem duas, com a 2ª edição a conseguir ascender aos melhores jogos do género, segundo os aficionados desse tipo de jogos. Por outro lado, a versão realizada para jogos computador no género estratégia (versão génesis), segundo as críticas, não faz jus à obra original, chegando mesmo a ser medíocre. Aí, provavelmente o autor não se preocupou, ou foi chamado, a guiar a adaptação tal como o fez na série televisiva.
Em jeito de resumo, “A Guerra dos Tronos” é já uma das mais importantes e incontornáveis obras televisivas deste novo milénio.

5 comentários:

  1. Gostei de ler o artigo dá para ver que é um artigo cuidado, todavia aqui como em tudo temos que ter cuidado com as generalizações, nomeadamente ao que se refere ao "excessivo" apego aos Heróis nas Obras de Fantasia, pois isso é um mito, temos muitos exemplos de Heróis e personagens cheias de defeitos, seja na obra da Robinn Hobb, do Joe Acrombie, do Raymond E. Feist, (até) no Filipe Faria, Robert E. Howard (exemplo, Conan é um ladrão, assassino, com desprezo por tudo e por todos, que apenas pensa em si e em provar que é o melhor), Peter V. Bret, Patrick Rothfuss e C.S. Lewis. Todos estes autores têm Heróis e personagens com maior ou menor grau de densidade psicológia e de condimento são interessantes e não lineares, e muito menos caem na categoria do Herói Cavaleiresco, temos uma panóplia de assassinos, intriguistas, ladrões, aldrabões e traidores. Por exemplo na obra do C.S. Lewis no sétimo e derradeiro livro termina com a morte de todos os protagonistas. Não faço referência a Tolkien pois a Obra dele é totalmente diferente, tem um enquadramento diferente, a qual não foi escrita de modo a dar relevo nem densidade psicológica aos personagens. O principal ponto forte na obra do George Martin é a densiade psicológica das personagens, a qual é muito densa, para além de (já li todos os livros) até ao momento não se ter a certeza de quem seja de facto a personagem principal (ou se existe alguma), para além das personagens ricas e muito duais o enredo é fantástico, que nos faz num momento detestar uma personagem e a seguir estar a torcer por ela (nos meus casos isto aconteceu muito com The Hound e com o Jamie, mas pronto eu sou um gajo fã de Anti-Heróis). Para terminar afirmo que Os Livros de George Martin serão uma das obras de fantasia de referência do anterior e do presente milénio, indo dar um contributo para a redefinição do estilo literário, tal como o fez Tolkien em 1949.
    Peço desculpa pelo testamento!

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  2. Boa crítica. No entanto este "post" era mais, para não dizer totalmente, direccionado para a série, e não tanto para os livros. Daí ter referido ser pouco habitual este tipo de "heróis" nas séries de fantasia que chegam ao grande público. São muitas as séries do género são, no mínimo, fracas e cheias de lugares comuns. Quanto à obra do milénio era mesmo para a série televisiva.
    Volto a referir: excelente crítica, apesar de escapar ao objectivo do post, que era mais televisivo.

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  3. Olá Micael!

    Gostei imenso da forma como faz a crítica a esta série retirada da obra de George Martin. Pelo que disse o comentador Fredupe, exactamente pelo destaque da parte psicológica e pela sua carga excessiva ou extremamente forte, que confere aos personagens eu prefiro de longe Tolkien.
    Acho que a série está muito bem concebida e perante o desenrolar dos acontecimentos, ficamos sem fôlego.
    Se não faz jus à obra escrita... conhece alguma obra que seja "fidelizada" pelo cinema ou TV? :)
    Já vi as duas séries que saíram do Game Of Thrones, mas acredite que depois de ver 10 episódios seguidos, ter de esperar mais um ano, deixa-me possessa, especialmente quando acaba o último episódio da série! Mas não me esqueço dos detalhes!:)
    É uma obra televisiva sensacional!

    Adorei a sua crítica!... a do comentador Fredupe é como diz, excelente também.

    Um abraço

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  4. Muito obrigado pelo comentário cara "Fada do Bosque". Penso que não referi se a obra está bem ou mal adaptada do livro, até porque não li os livros. Aqui o "Post" é mesmo referente só à série. A minha crítica mais evidente prende-se mais com o jogo de computador, esse sim bastante fraco. No entanto, como o próprio autor se tem envolvido na produção da série, e porque são várias as críticas positivas dos leitores da obra, parto do princípio que esta obra, ao contrário de muitas outras, esteja a ser bem adaptada.
    Quanto à velocidade com que se vê a serie: passei pelo mesmo. Foi tudo visto num ápice tal era o interesse que despertava. Agora é esperar e desesperar pelos próximos episódios.

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