quarta-feira, 9 de abril de 2014

Quando os Ministros eram escravos

Numa conferência sobre alterações climáticas, realizada no Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa, assisti a uma intervenção digna de mais uma curiosidade para registar aqui no blogue. Em jeito de comentário, quando se tratava da importância dos decisores políticos nas medidas, políticas e soluções para os impactos das alterações climáticas, o professor Alveirinho Dias partilhou, entre muitas outras coisas, algo digno de despertar surpresa. Curiosamente, nada teve que ver diretamente com ambiente, geologia ou afins.
O Ministro (Sacerdote) patinador - Henry Raeburn
O professor reportou para a etimologia da palavra Ministro. Supostamente, segundo ele, ministro seria alguém a quem os romanos designavam como gestor caseiro, habitualmente um escravo. Ou seja, os romanos abastados delegavam essa missão (esse ministério, essa tarefa) aborrecida e trabalhosa de gerir num escravo. Se fosse um mau gestor, simplesmente era “substituído”. A tal referência histórica serviu para que a plateia refletisse sobre os nossos atuais gestores ministros, de como se delega neles ainda essa tarefa chata de gestão da coisa pública, sem grande preocupação e com bastante irresponsabilidade cívica por parte dos próprios cidadãos. A ligação com a condição de escravo ou servo da própria palavra dá-se pela composição associada ao termo “minor”, que se subordina ao maior, ao “magis”, que compõe a palavra “magíster”. Nessa altura o “minister” obedecia ao “magíster”. Esta relação de dependência foi sendo dissipada pelas épocas seguintes, ainda que tenham subsistido as duas funções, magistrado e ministro, numa lógica de separação de poderes dos tempos contemporâneos.
No entanto, tendo em conta o atual momento em Portugal, o professor considerava, em jeito de brincadeira e de alerta para a tomada de consciência, que neste momento os escravos destes ministros seriamos nós, e não ao contrário como seria no tempo da antiga Roma.
Independentemente das mensagens políticas e cívicas fica a curiosidade etimológica capaz de despertar reações bem variadas. Ficam também algumas referências – as possíveis – para fundamentar este texto.

Referências bibliográficas
Online Etymology Dictionary, “Minister”, disponível em:
http://www.etymonline.com/index.php?term=minister

Wikipédia, “Ministro”, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ministro

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